Realizaram-se em Varsóvia (Polónia), entre 2 e 4 de Dezembro, dois importantes eventos internacionais para a família socialista europeia, o conselho do Partido Socialista Europeu (Party of European Socialists – PES) e o fórum anual dos activistas socialistas europeus (PES Activists Forum).
No conselho foram aprovadas duas importantes resoluções: numa primeira são apresentadas as directrizes políticas que o PES considera fundamentais para a construção de sociedades progressistas, com ênfase no crescimento justo e verde. O PES propõe a negociação e adopção pelas instituições europeias, governos nacionais e parceiros sociais de um Pacto para o Emprego e Progresso Social, que defina uma estratégia e uma lista concreta de medidas e iniciativas a promover para se avançar nessa construção; numa segunda resolução foram aprovadas as directrizes para a definição de um processo transparente e democrático na designação do candidato do PES para a presidência da Comissão Europeia. Foi constituído um grupo de trabalho que irá discutir e propor um processo a ser aprovado em 2011. É de salientar que foram dois activistas, Desmond O’Toole (PES Activists Dublin) e José Reis Santos (PES Activists Portugal) que promoveram a campanha pelas primárias no seio do PES, campanha essa que deu origem à aprovação desta resolução. Foram ainda aprovados dois documentos políticos com considerações e propostas para fazer do crescimento verde uma realidade e para se limitar e ultrapassar a crise social e de emprego que atravessamos.
Pudemos assistir a três importantes discursos. O de Martin Schulz, líder do grupo parlamentar Socialistas & Democratas no Parlamento Europeu, que manifestou a sua preocupação com o crescimento da extrema - direita na Europa e salientou que temos que lutar contra aqueles que querem destruir a Europa Social e as conquistas de paz e tolerância. Apelou a todos os socialistas para que se unam no projecto de ganhar mais maiorias nos diferentes países da União Europeia e na rejeição das soluções simplistas. Por seu lado Poul Rasmussen, presidente do PES, defendeu que não é aceitável a exploração do medo pelos conservadores. Os socialistas devem trabalhar na esperança, conscientes que as soluções do passado já não servem e que os Estados - Nação já não conseguem resolver sozinhos os problemas que enfrentam as nossas sociedades. O caminho para sair da crise deve ser uma combinação de responsabilidade fiscal, criação de empregos e solidariedade. Segundo ele o grande desafio das sociedades é estabelecerem uma ponte entre o individualismo e a solidariedade. Salientou ainda a decisão histórica de fazer da escolha do candidato do PES a presidente da Comissão Europeia um processo transparente e democrático. Já Georgios Papandreou, primeiro – ministro grego, que assumiu em 2009 a liderança do governo na Grécia, num discurso muito elogiado, apelou a um espírito de solidariedade e ajuda mútua entre europeus e Estados - Membros da União Europeia. Referindo que tinha orgulho em ser grego, mas também em ser português, espanhol, irlandês, alemão...
Houve ainda tempo para uma série de debates/almoço subordinados a diferentes temas, onde activistas, deputados europeus e delegados dos diferentes partidos puderam intervir.
No fórum dos activistas, dia 3 de Dezembro, assistimos a diferentes intervenções temáticas seguidas de debate alargado a todos os activistas. Intervieram Poul Rasmussen (sobre as prioridades do PES), Conny Reuter (Pacto Social e de Emprego Europeu), Maria João Rodrigues (Uma governação económica para a Europa?), Rovana Plumb (Economias verdes), Marije Laffeber (Europa e o Mundo – Uma política externa progressista), Knut Dethlefsen (Modernização da Social Democracia europeia) e Philip Cordery (Desenvolvimento dos PES Activists). No dia 4 de Dezembro grupos de trabalho reuniram para debater formas de promover o activismo e as propostas socialistas para a Europa. Houve ainda espaço para uma reunião/workshop em metodologias e instrumentos de campanha.
Foram dias intensos e ricos de aprendizagem, em que o grupo de activistas português trabalhou em diferentes níveis, participando nos debates e reuniões, assistindo às intervenções no plenário, bem como desenvolvendo esforços para estabelecer parcerias com outros grupos de activistas espalhados pela Europa. Agora é tempo de trabalhar para que estas orientações consigam afirmar-se na Europa e para que todos juntos consigamos sair da crise mais fortes e solidários.
Pedro Miguel Cardoso